Câmara aprova a criação dos Juizados Especiais Criminais Digitais

Segundo país no ranking dos crimes cibernéticos em 2017, o Brasil pode ter em breve Juizados Especiais Criminais Digitais. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei (6.832/17) que cria juizados responsáveis pela conciliação, julgamento e execução das infrações penais de menor potencial ofensivo cometidas na área da informática, como roubo de identidade, phishing, extorsão e assédio na internet.

De autoria da deputada Laura Carneiro (DEM-RJ), o projeto modifica a lei 9.099/95, dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. O texto deve seguir agora para a análise do Senado, a não ser que haja recurso para votação pelo plenário da Câmara.

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Na justificativa do projeto, aprovado em 10 de julho, a autora ressaltou a necessidade de combater a delinquência cibernética. Ela enfatizou o crescimento da ocorrência de crimes de informática, uma vez que computadores e outros meios tecnológicos têm se tornando ferramenta principal de operação de diferentes atores sociais.

Segundo a Norton Cyber Security, cerca de 62 milhões de pessoas foram afetadas pelos crimes cibernéticos no Brasil em 2017, causando um prejuízo coletivo de US$ 22 bilhões.

O relator do PL na CCJ, deputado Daniel Vilela (MDB-GO), apresentou parecer pela constitucionalidade do projeto e fez apenas ajustes de redação. “Ao aumento da presença da informática em nossa vida, deve corresponder uma maior regulação, pelo Estado, das atividades nela implicadas, com o objetivo de proteger os interesses do cidadão contra atividades nocivas”, disse.

O Judiciário já julga crimes digitais. Para Vilela, no entanto, os juizados especiais oferecem acesso ao cidadão “sem os onerosos custos do procedimento comum perante a Justiça ordinária de primeira e segunda instâncias”.

Fonte: Folha de S.Paulo e Migalhas

Após acordo com Brasil, Argentina usará delações da Lava-Jato

Informações e provas obtidas por meio de delações premiadas e acordos de leniência firmados no Brasil, no âmbito da Operação Lava-Jato, passarão a ser aceitos pela Justiça argentina.

A liberação do uso das peças pelos tribunais do país vizinho foi oficializada na sexta-feira (13) em acordo firmado entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério Público Fiscal da Argentina. A íntegra do acordo é mantida em sigilo.

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A PGR informou que a cooperação foi idealizada pela Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) do Ministério Público Federal (MPF). Nos últimos seis meses, a secretaria conseguiu um consenso com a Argentina, que resistia em conceder imunidade aos delatores para obter informações.

“Depois de um trabalho longo de negociação e diálogo entre a SCI e autoridades argentinas, conseguimos chegar a um acordo para que as delações envolvendo corrupção na Argentina possam ser disponibilizadas aos procuradores de lá. Trata-se de um enorme avanço na relação de cooperação jurídica internacional entre os dois países e mais um grande passo na luta contra a corrupção”, destacou a promotora Cristina Romanó, que chefia a SCI, em nota divulgada pela PGR.

Até meados de abril, autoridades argentinas investigavam, ao menos, cem empresas por possível pagamento de propinas. Entre os desdobramentos das apurações, destacou-se, à época, a prisão de um ministro do governo da ex-presidente Cristina Kirchner, Júlio de Vido, acusado de enriquecimento ilícito e de receber US$ 35 milhões em troca de favorecimentos à empreiteira Odebrecht na construção de um gasoduto.

Em junho do ano passado, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estabeleceu com a Argentina a composição de uma equipe conjunta de investigação de crimes relacionados à Lava Jato, com o propósito de aproximar a experiência dos dois países na detecção de irregularidades que pudessem fundamentar medidas cautelares e o bloqueio de ativos.

A PGR não informou o número de investigações que tramitam na Argentina, mas pontuou que, com as informações e provas fornecidas pelo Brasil, será possível, pela primeira vez, acusar ex-funcionários da Odebrecht envolvidos em irregularidades.

Semelhantes termos de compromisso já foram assinados pelo governo brasileiro com a Suíça, a Noruega e a Holanda. De acordo com o MPF, o único país que não reconheceu oficialmente o compartilhamento de delações nesses moldes foi Portugal.

Fonte: IstoÉ

TV Justiça destaca legado de Heleno Fragoso para o Direito

As contribuições de Heleno Cláudio Fragoso ao Direito brasileiro foram exaltadas pelo programa “Tempo e História”, da TV Justiça. Exibida neste domingo (8), a atração apresentou depoimentos de advogados sobre a trajetória profissional do jurista.

Assista ao programa na íntegra:

Fernando Fragoso, sócio do Fragoso Advogados e filho de Heleno, afirmou que mesmo depois de 33 anos de sua morte, o jurista ainda é uma referência. “Todos os grandes processos criminais na área da segurança nacional passaram pela mão dele, todos. (…) Era o advogado que encerrava todas as defesas, dava o toque final técnico e humano sobre o ponto de vista científico.”

O advogado Sergio Bermudes destacou a seriedade e a integridade de Heleno Fragoso. “Conheci poucos advogados que cumprissem de maneira tão dedicada os deveres éticos e legais regulares do exercício da profissão de advogado”, disse.

Para Juarez Tavares, Heleno se tornou um grande professor e jurista. “Ele teve uma vida bem intensa, não só no campo acadêmico e da advocacia, mas no campo político. Foi defensor de acusados de subversão na época da ditadura e se destacou como um advogado de defesa da liberdade das pessoas que estavam sendo acusadas de se indisporem contra o regime então vigente.”

Nilo Batista definiu Heleno Fragoso como o maior professor de todos. “Ele foi um grande advogado, abnegado, dedicado, talentoso, e ao mesmo tempo um grande professor.”

Heleno Fragoso

Fundador do Fragoso Advogados, Heleno Fragoso se notabilizou como um dos mais importantes advogados de presos políticos do País, durante a ditadura militar. Ele nasceu em 1926, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Formou-se em Direito em 1951 e abriu o escritório já no ano seguinte.

O jurista foi vice-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conselheiro Federal da OAB e vice-presidente da Seção da OAB do antigo Estado da Guanabara.

Heleno Fragoso recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra (Portugal). Escreveu 14 livros sobre Direito Penal e foi vice-presidente da Comissão Internacional de Juristas, em Genebra (Suíça), e da Associação Internacional de Direito Penal (AIDP), em Paris (França).

O jurista morreu em maio de 1985, no Rio de Janeiro, aos 59 anos.

Trump indica para Suprema Corte juiz que trabalhou em impeachment de Clinton

O juiz federal, católico e conservador Brett Kavanaugh, 53 anos, foi indicado como o novo membro da Suprema Corte americana pelo presidente Donald Trump, na noite desta segunda-feira (9). A escolha ainda precisa ser confirmada em votação no Senado.

Formado na Universidade de Yale e professor de Direito, foi assessor do ex-presidente George W. Bush e, no início de sua carreira, trabalhou no relatório que levou à abertura de processo de impeachment contra o presidente democrata Bill Clinton, em 1998.

O documento, do qual Kavanaugh foi um dos principais autores, apontava 11 motivos para o impeachment de Clinton –entre eles, mentir a assessores sobre seu relacionamento com a então estagiária Monica Lewinsky, e mentir ao público americano, por meio de notas e discursos oficiais sobre o caso.

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As acusações guardam semelhanças com as suspeitas que recaem sobre Trump no caso da interferência da Rússia nas eleições de 2016, que está em investigação pelo FBI.

Mas o posicionamento de Kavanaugh sobre o tema, atualmente, é outro: em 2009, ele escreveu em artigo que presidentes deveriam ser poupados de investigações criminais, já que o processo “tiraria o foco de suas responsabilidades” e “paralisaria o governo”, prejudicando o interesse público.

Católico, ele participa de organizações religiosas na capital americana, serve refeições a moradores de rua e foi orador da turma de formandos em direito da Universidade Católica da América neste ano. “Usem o que aprenderam para amparar aqueles que precisam de ajuda legal”, discursou na época.

“Trump afirmou que não importa quais sejam as visões políticas dos juízes, mas sim se eles podem deixá-las de lado para fazer o que a lei e a Constituição requerem.

Em pronunciamento, Kavanaugh declarou que sua filosofia jurídica é simples. ““Um juiz precisa ser independente e interpretar a lei, não criar a lei”.” O magistrado afirmou que, caso confirmado no cargo, irá seguir a Constituição e manter a mente aberta em todos os casos, bem como prezar pela independência do Judiciário.

Kavanaugh deve substituir o juiz Anthony Kennedy, 81, que anunciou sua aposentadoria no mês passado. De perfil moderado, o magistrado dava equilíbrio à corte, que tem nove integrantes. Agora, caso a indicação seja confirmada no Congresso, cinco dos nove juízes terão perfil conservador, o que poderá ser decisivo em votos sobre o direito ao aborto, porte de armas e liberdade religiosa, entre outros temas.

Nos EUA, o cargo de juiz da Suprema Corte é vitalício. Por isso, a saída de um deles é rara, e os presidentes têm uma oportunidade única ao nomeá-los, estendendo seu legado muito além dos quatro anos de mandato. Mas a indicação de Trump deve enfrentar oposição e dar início a uma batalha entre lobistas e ativistas políticos a favor e contra o novo juiz.

Na noite desta segunda, manifestantes que defendem o direito ao aborto já se aglomeravam em frente à Suprema Corte, opondo-se à indicação. O atual presidente se comprometeu, na campanha, a nomear apenas juízes que se opusessem ao aborto.

Propagandas que miram Kavanaugh também serão veiculadas em rede nacional, por ambos os lados. O objetivo é dissuadir congressistas a votarem a favor ou contra a indicação de Trump. A Judicial Crisis Network, que reúne conservadores em prol de um Judiciário imparcial, já lançou uma campanha publicitária milionária para louvar o indicado.

“Do outro lado, organizações como a Demand Justice, que atua para nomear progressistas no Judiciário americano, e a Planned Parenthood, a favor do direito ao aborto, querem gastar até US$ 5 milhões (pouco menos de R$ 20 milhões) em campanhas publicitárias e atos contrários ao nomeado de Trump.

Os republicanos têm uma frágil maioria no Senado dos EUA: 51 contra 49. Por isso, a votação sobre a nomeação de Kavanaugh deve ser apertada, e ativistas farão o possível para converter os votos dos senadores.

Fonte: Folha de S.Paulo e G1

TV Justiça exibe programa especial sobre Heleno Fragoso neste domingo

Um dos mais destacados advogados criminais do Brasil, o jurista Heleno Cláudio Fragoso será o destaque do programa “Tempo e História”, da TV Justiça, neste domingo (8), às 22h. O programa lembrará a trajetória profissional e as contribuições de Heleno Fragoso ao Direito brasileiro.

“Tempo e História” mostrará como Heleno Fragoso foi defensor de uma advocacia criminal técnica, distante da tradicional eloquência nos salões do Júri, uma marca pessoal que se tornou referência.

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A atração ainda apresentará entrevista com Fernando Fragoso, sócio do Fragoso Advogados e filho de Heleno. No Rio de Janeiro, a TV Justiça pode ser sintonizada por antena parabólica e pelas operadoras Net (canal 9), Sky (canal 24) e Telefônica (canal 184).

O programa será reprisado na segunda-feira (9), às 22h30; na quarta-feira (11), às 18h; na quinta-feira (12), às 13h30; e na sexta-feira (13), às 22h30. Para assistir pela internet, acesse o site http://www.tvjustica.jus.br.

Fundador do Fragoso Advogados, Heleno Fragoso se notabilizou como um dos mais importantes advogados de presos políticos do País, durante a ditadura militar. Ele nasceu em 1926, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Formou-se em Direito em 1951 e abriu o escritório já no ano seguinte.

O jurista foi vice-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conselheiro Federal da OAB e vice-presidente da Seção da OAB do antigo Estado da Guanabara.

Heleno Fragoso recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra (Portugal). Escreveu 14 livros sobre Direito Penal e foi vice-presidente da Comissão Internacional de Juristas, em Genebra (Suíça), e da Associação Internacional de Direito Penal (AIDP), em Paris (França).

O jurista morreu em maio de 1985, no Rio de Janeiro, aos 59 anos.

 

Corte Interamericana de Direitos Humanos condena Brasil por assassinato de Vladimir Herzog

O Estado brasileiro é responsável pela falta de investigação, julgamento e punição dos responsáveis pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975, durante a ditadura militar. A sentença é da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), publicada nesta quarta-feira (4). O Brasil também foi responsabilizado por violar o direito dos parentes de Herzog de conhecer a verdade e por ameaçá-los.

Fundador do escritório Fragoso Advogados, o jurista Heleno Fragoso atuou em defesa da família de Vladimir Herzog. Em 1978, em ação cível, a Justiça Federal desmentiu a versão do suicídio e reconheceu a responsabilidade do Estado na morte do jornalista.

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Nesta quarta-feira (4), a CIDH ordenou ao Estado, como reparação, adotar medidas destinadas a reiniciar a investigação e o processo sobre o que aconteceu em 25 de outubro de 1975. O objetivo é identificar, processar e punir, se for o caso, os responsáveis pela morte de Herzog.

Ficou estabelecido que, daqui a um ano, o governo brasileiro deverá apresentar relatório mostrando o que fez para reabrir as investigações. O Estado ainda deverá informar como procedeu para pagar a indenização de cerca de U$ 240 mil por danos morais e materiais sofridos pela família a partir do assassinato do jornalista. A indenização foi determinada pela Comissão Interamericana.

“Há 43 anos perdi meu pai. Assassinado violentamente. Uma pessoa de paz, que gostava de pescar, fotografar a família, de astronomia. Eu tinha 9 anos, meu irmão, 7, e minha mãe, 34. Ele morreu por desejar que todos tivessem o direito à livre manifestação em um Estado democrático”, escreveu Ivo Herzog, em seu perfil no Facebook.

“Ficaram 43 anos de luta para que provássemos que ele foi barbaramente torturado e assassinado. Ficou a luta, capitaneada por Clarice Herzog, pela verdade e pela Justiça. Não encontramos esta resposta no país que meu pai adotou como pátria. Tivemos que buscar nas Cortes Internacionais. Finalmente, hoje [ontem], saiu a sentença tão aguardada”, completou ele.

É a primeira vez que a Corte Interamericana reconhece como crime contra a humanidade um assassinato cometido durante a ditadura brasileira.

“A CIDH determinou que os fatos ocorridos contra Vladimir Herzog devem ser considerados como um crime de lesa-humanidade, conforme definido pelo Direito Internacional. O Estado não pode invocar a existência da figura da prescrição ou a Lei de Anistia ou qualquer outra disposição semelhante ou excludente de responsabilidade para escusar-se de seu dever de investigar e punir os responsáveis”, diz a sentença.

Herzog nasceu na antiga Iugoslávia, em Osijek, hoje a quarta maior cidade da Croácia. A perseguição nazista trouxe a família ao Brasil. Ele era diretor de jornalismo da TV Cultura quando foi ao Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) prestar depoimento em 25 de outubro de 1975. Naquele dia, foi interrogado sob tortura. Não resistiu ao sofrimento e morreu.

À época do crime, os militares informaram que Herzog cometera suicídio na prisão. Com uma tira de pano, os agentes amarraram o corpo pelo pescoço à grade de uma janela e chamaram um perito do Instituto Médico Legal (IML) paulista para fotografar a cena forjada de que Vlado, como era conhecido, tinha dado fim à própria vida. Na tentativa de comprovar a versão, o governo militar divulgou a foto do corpo pendurado, com os pés da vítima apoiados no chão, o que evidencia a farsa.

Depois da morte, a ação na Justiça Militar sustentou a versão do suicídio.

Em 1992, as autoridades brasileiras iniciaram uma nova investigação, arquivada com base na Lei de Anistia. Anos depois, em 2009, o Ministério Público Federal tentou, mais uma vez, reabrir o caso, mas a juíza Paula Mantovani Avelino, titular à época da 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo, considerou-o prescrito.

Só em 2012 a Justiça de São Paulo determinou a retificação do atestado de óbito do jornalista. Com a decisão, o motivo da morte de Herzog foi modificado de “asfixia mecânica” para “morte que decorreu de lesões e maus-tratos sofridos na dependência do II Exército de São Paulo (DOI-CODI)”. A mudança foi feita após pedido da Comissão da Verdade, por solicitação da família do jornalista.

“Essas decisões são meios para alcançar novos patamares na nossa democracia”, afirmou Beatriz Affonso, diretora do Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil) para o Brasil, que ajudou a família a apresentar o caso na CIDH.

O Ministério das Relações Exteriores informou, em nota, que encaminhará à CIDH, dentro do prazo estipulado de um ano, relatório sobre as medidas implementadas para apurar a morte do jornalista. “O Brasil reconhece a jurisdição da Corte e examinará a sentença e as reparações ditadas”, diz a nota.

(Com informações do El País, O Globo e Folha de S.Paulo)

Operações suspeitas de lavar dinheiro em fundos chegam a R$ 13 bi

No segundo semestre de 2017, foram comunicadas ao SISCOAF (Sistema do Conselho de Controle das Atividades Financeiras) 945 operações suspeitas de configurarem lavagem de dinheiro no segmento de fundos de investimento.

As operações foram informadas por 37 participantes do mercado, em um volume total de R$ 13,3 bilhões. As informações constam do relatório de Supervisão Baseada em Risco (SBR) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) relativo aos meses de julho a dezembro.

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Trata-se de uma evolução de 6% no número de comunicantes, de 88% no número de comunicações e de 141% nos valores informados. O relatório aponta ainda que uma única instituição financeira foi responsável por 70% das comunicações no segmento de fundos no período e por 66% dos valores envolvidos.

O nome da instituição não foi divulgado porque, embora cite vários casos de supervisão direta ou com apoio de instituições autorreguladoras, a CVM não revela os agentes supervisionados nos segmentos de mercado.

É feita uma análise qualitativa e quantitativa do andamento da supervisão baseada em risco, modelo em que o regulador estabelece parâmetros para acompanhar operações e temas específicos a fim de averiguar se há irregularidades e instaurar processos sancionadores.

Ainda no segmento de fundos de investimento, o relatório da CVM aponta que o número de pareceres de auditoria com opinião modificada sobre fundos e investimento aumentou cerca de 150% em 2017 em relação a 2016.

No mercado de companhias abertas, a CVM emitiu 442 mensagens relacionadas a atraso e não entrega de informações periódicas no segundo semestre. Quase dois terços delas foram relacionados a informes trimestrais. Houve 141 multas aplicadas a companhias e dois processos administrativos sancionadores.

A verificação de 12 formulários de referência para verificar a coerência entre condições financeiras e patrimoniais da empresa e remuneração dos administradores, tema alvo de intenso debate, resultou, no período, na determinação de que uma companhia (nome não divulgado) submetesse à apreciação dos acionistas ajustes na próxima assembleia.

O objetivo é incluir o montante suportado pela subsidiária integral referente à remuneração de três diretores da companhia. Sobre as informações de política de gerenciamento de risco dos Formulários de Referência, a CVM selecionou 13 companhias para ser avaliadas e 12 permanecem em análise. Já as demonstrações financeiras acompanhadas de relatório de auditoria com opinião modificada resultaram em 25 casos de supervisão no 3º ITR/2017.

Para 20 deles, alguma medida já havia sido adotada em semestres anteriores. Foram elaborados seis termos de acusação, um ofício de alerta, duas determinações de refazimento e 11 casos já tinham processos em andamento.

No caso das operações entre partes relacionadas, no 2º semestre, foram abertos sete novos processos de análise de transações com partes relacionadas, sendo que dois tiveram a análise concluída no próprio semestre

Fonte: Estadão

Empresas brasileiras gastam mais no combate aos crimes financeiros do que a média mundial

As empresas brasileiras gastam 4,9% da receita anual na prevenção e no combate a crimes financeiros, de acordo com pesquisa do instituto Thomson Reuters. O número equivale a US$ 1,7 bilhão (R$ 6,4 bilhões) e supera proporcionalmente a média global de gastos, que é de 3,1% da receita, ou US$ 1,5 trilhão (R$ 5,5 trilhões).

Os crimes considerados pela pesquisa são os que impactam a operação financeira das empresas — fraude, lavagem de dinheiro, roubo, suborno e corrupção, cibernéticos, escravidão e tráfico de pessoas. Corporações que contratam fornecedores condenados por trabalho escravo, por exemplo, podem ser responsabilizadas judicialmente e sofrer perdas. O problema é recorrente na indústria da moda.

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O crime com a maior incidência nas empresas é suborno e corrupção (69% das ocorrências). O problema que mais vem de fora das companhias é o ataque cibernético (75% dos casos são de origem externa). A média de crimes financeiros que acontecem dentro das empresas é maior no Brasil (67%) do que no mundo (59%).

As empresas vítimas de crimes financeiros têm 25% mais relacionamentos com terceiros para monitorar do que as demais, informa o levantamento do Thomson Reuters. Ainda assim, a pesquisa mostra que 41% das companhias nunca auditaram seus parceiros e fornecedores, o que é uma das melhores formas de prevenção.

O número é um pouco mais baixo no Brasil, onde só 34% das empresas não adotaram esse tipo de fiscalização. Os empresários brasileiros, aliás, se saem melhor em outros quesitos —além de gastar mais na prevenção, 40% dizem ter sido vítimas de crimes financeiros nos últimos 12 meses, em comparação a 47% no mundo todo.

Uma possível explicação é a proporção maior de empresas com atividades financeiras de seguros na amostra analisada no Brasil, afirma José Leonélio Souza, gerente do Thomson Reuters Brasil. As empresas de atividades financeiras têm, historicamente, investido muito no combate à fraude, afirma ele.

O gerente diz acreditar que o segmento financeiro está há mais tempo preocupado com compliance (setor responsável pelo cumprimento das leis em uma empresa) do que os demais. No mundo, o crime mais comum é a fraude (20%); no Brasil, é o ataque cibernético (19%), de acordo com empresários ouvidos. Depois, vêm roubo e furto (16%), suborno e corrupção (15%), fraudes (12%), lavagem de dinheiro (9%) e trabalho escravo (3%).

Desde 2015, o Brasil está em primeiro lugar no ranking da Kaspersky dos que mais sofrem ataques de “phishing” (invasão de conta para obter dados pessoais).

Pesquisa de 2017 da Allianz Global Corporate concluiu que, para empresários brasileiros, a preocupação com ataques de hackers supera a com mudanças regulatórias ou com a inflação. “É uma realidade global, não tem como escapar. A globalização provocada pela internet faz com quem a maioria desses ataques, que afetam brasileiros, venham de fora”, diz Souza.

Fonte: Folha de S.Paulo

Audiências de custódia permitem que 45.500 respondam em liberdade

No mês em que o Brasil assumiu oficialmente a terceira população carcerária do mundo, com 715.655 presos, ultrapassando a Rússia, o CNJ traz uma boa notícia. As audiências de custódia, que ocorrem até 24h após a prisão, desde fevereiro de 2015, permitiram que 45.500 pessoas autuadas em flagrante respondessem em liberdade.

Uma pesquisa do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDD), que analisou as audiências de custódia em São Paulo, revela que 90% das audiências de custódia tratam de crimes patrimoniais, como roubo, furto e receptação, e tráfico de drogas.

O estudo definiu o perfil do preso nas audiências de custódia em São Paulo: 95% são homens, 62% negros e 75% só concluíram o ensino fundamental; 80% dos não têm renda mensal ou ganham entre um e dois salários mínimos; só 5% tiveram a presença de advogado na delegacia, no momento do auto de flagrante delito.

Interpol identifica e prende foragido brasileiro em jogo da Copa na Rússia

Acusado de uma série de roubos a agências dos Correios no Espírito Santo, o brasileiro Rodrigo Denardi Vicentinni, de 31 anos, foi preso por agentes da Interpol em São Petersburgo durante a partida entre Brasil e Costa Rica, na sexta-feira (22). A operação envolveu a Interpol, a Polícia Federal do Brasil e a organização da Copa do Mundo disputada na Rússia.

A ação policial, que só começou com a bola rolando na vitória do Brasil por 2 a 0 na Zenith Arena, durou menos de 90 minutos. De acordo com a Polícia de São Petersburgo, Vicentinni ficará preso por dois meses em uma penitenciária fora da cidade, onde aguardará a extradição.

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A informação que um brasileiro procurado pela Justiça talvez estivesse no estádio em São Petersburgo na hora do jogo chegou ao escritório local da Interpol às 15h30, quando a seleção de Tite ainda empatava com a Costa Rica. A convicção de que o foragido talvez estivesse na partida pareceu óbvia aos investigadores, pois dificilmente algum brasileiro teria programa mais importante na cidade àquele momento.

As forças de segurança russas, através da FAN ID, documento obrigatório para todo torcedor no Mundial, controlam e checam todos os que entram no país e nos estádios. Assim, foi descoberta a presença de Vicentinni na Arena.

O foragido havia voado do Brasil a Londres e viajado de carro até a Rússia, com passaporte italiano. Sua presença foi notada porque, no passaporte falso, e consequentemente na FAN ID, ele apenas inverteu nome e sobrenome. Estava identificado como Denardi Rodrigo.

Com as informações, a Interpol sabia o lugar de Vicentinni no estádio, no setor B-107, e passou a usar as câmeras de segurança para tentar identificá-lo. Como só fotos antigas do foragido estavam disponíveis, houve a cooperação com agentes de segurança brasileiros, no estádio e nos escritórios no Brasil.

Uma nova foto foi enviada. Meia hora depois, as autoridades russas já tinham a imagem atual do brasileiro. Para evitar riscos, a Interpol esperou ele se afastar da multidão, que sofria torcendo por Neymar e companhia, e o prendeu dentro do estádio, ao final do jogo.

Vicentinni se disse inocente e que está sendo bem tratado pela polícia russa. A quadrilha da qual é acusado integrar rendia servidores e clientes dos Correios em Vila Velha (ES). Estima-se que R$ 230 mil tenham sido roubados.

Em agosto de 2017, uma operação da PF em conjunto com a Delegacia de Combate a Crimes Contra o Patrimônio e Tráfico de Armas (Delepat), do Espírito Santo, prendera dois suspeitos. Vários acusados estavam foragidos, um deles, Vicentinni.

O acusado responde pelos crimes de roubo qualificado e associação criminosa armada, cujas penas somadas chegam a 13 anos de reclusão para cada uma das ações.

Fonte: O Globo

*Foto: Divulgação/Polícia Russa