Consultorias de recrutamento apontaram à revista Exame as 65 carreiras mais promissoras em 2017. Oito delas estão na área do Direito.
Head da área tributária
O que faz: Gerencia pelo menos duas frentes da área tributária: a operacional, que garante que a empresa cumpra com todas as obrigações burocráticas; e a estratégica, que envolve o diálogo com a alta cúpula da empresa para maximizar seus resultados e cortar custos com o planejamento tributário.
Perfil: Formação em direito, administração de empresas, ciências contábeis ou economia. Pós-graduação na área tributária é sempre bem-vinda, além de inglês fluente.
Por que está em alta: Segundo Rodrigo Miwa, sócio da Hound (recrutamento especializado em Finanças e Impostos), este profissional é valorizado graças ao seu potencial para gerar caixa e cortar custos — duas fortes demandas no atual cenário econômico. “O head tributário lidera um departamento fundamental para os resultados”, explica ele. “A isso se soma a complexidade da legislação tributária brasileira e as suas frequentes mudanças, o que exige profissionais bem preparados”.
Advogado especializado em compliance
O que faz: Verifica se as leis e regulamentos externos e internos estão sendo devidamente seguidos pela empresa, além de promover a manutenção de boas práticas.
Perfil: Mais do que a formação técnica, as competências comportamentais têm peso significativo para esse mercado. “O profissional de compliance deve ter perfil investigativo, discrição, autonomia e retidão de conduta”, resume Camila Dable, da consultoria Salomon, Azzi. Como atualmente a maioria das posições desse mercado está em multinacionais, inglês fluente é imprescindível.
Por que está em alta: A carreira é relativamente nova no Brasil, e foi consolidada com o advento da lei anticorrupção, de 2013. Segundo Dable, a América Latina sempre teve um modelo pouco ortodoxo nas negociações público-privadas, o que trouxe desconfiança dos investidores em relação ao Brasil. Diante das transformações globais, a exigência por maior transparência e adesão às normas se traduz em oportunidades para especialistas em compliance. Rafael Revert, da Core Executive, indica que especificamente indústria farmacêutica tem demandado profissionais de compliance.
Advogado especializado em fusões e aquisições
O que faz: Intermedia as negociações de compra e venda de empresas.
Perfil: Graduação em direito e pós-graduação em direito societário ou empresarial. Inglês fluente é indispensável, ao passo que conhecimentos de espanhol também têm sido cada vez mais demandados. Além de boa formação técnica, experiência com fusões e aquisições também é fundamental.
Por que está em alta: Com a nova configuração política econômica, a desvalorização do real e a volta da confiança do mercado, as empresas brasileiras se tornam mais atrativas para os investidores, o que alavanca as operações de fusões e aquisições e cria oportunidades para advogados especializados no assunto, explica Camila Badaró, da Salomon, Azzi.
Advogado especializado em recuperação judicial
O que faz: Representa companhias sem condições de honrar seus compromissos financeiros, com o objetivo de evitar sua falência.
Perfil: Formação em direito, com especialização e/ou mestrado na área cível e de processo civil.
Por que está em alta: Segundo Renato Sapiro, da Salomon, Azzi, a crise econômica enfrentada pelo Brasil faz com que muitas empresas em dificuldades financeiras busquem esse mecanismo jurídico como forma de sobreviver. O resultado é a abertura de cada vez mais oportunidades de trabalho na área, ainda mais diante da natureza complexa do processo de recuperação judicial.
Advogado especializado em contencioso
O que faz: Atua em disputas ou conflitos de interesse das mais diversas naturezas, como cíveis, trabalhistas e tributárias, perante o poder judiciário.
Perfil: Formação em direito, com especialização e/ou mestrado nas áreas cível, trabalhista, tributário e de processo civil.
Por que está em alta: O número de processos aumentou vertiginosamente em decorrência da crise enfrentada pelo país nos últimos anos. “Pelo contexto econômico e pela própria cultura litigiosa do brasileiro, a área contenciosa se sobressai em detrimento da área consultiva, o que intensifica a busca por especialistas”, avaliam Fábio Salomon e Bianca Azzi, da consultoria Salomon, Azzi.
Advogado de consultoria tributária
O que faz: Dá suporte em questões estratégicas às áreas jurídica, financeira e de operações de M&A (fusões e aquisições).
Perfil: Graduação em direito, com pós-graduação em direito tributário. Inglês fluente é indispensável . Além da formação técnica, experiências em consultorias do grupo “Big Four” ou em escritórios de renome são muito valorizadas.
Por que está em alta: De acordo com Bernardo Leite, da Salomon, Azzi, a crise econômica faz aumentar o apetite do fisco. “Há necessidade de uma maior atenção ao planejamento tributário e desenvolvimento de teses que evitem novas autuações, além de uma busca cada vez maior pelo aproveitamento de créditos tributários”, explica ele. A previsão de um grande volume de fusões e aquisições também contribui para o aumento na demanda desse profissional. Além disso, a vigência da Lei de Repatriação de Recursos e a abertura de uma nova janela para regularização em 2017 abrirão oportunidades para advogados com especialização e experiência em tributação internacional, completa Leite. A Page Personnel também indica profissionais de nível de analista como promissores para o próximo ano.
Profissional de private equity
O que faz: Trabalha na captação de recursos, identificação de ativos, processos de “due dilligence”, investimentos, gestão de investidas, criação de valor e desinvestimento com retornos atrativos.
Perfil: Formação em administração de empresas, economia e direito, de preferência com MBA em escolas de primeira linha. É obrigatório ter fluência em inglês, além de profundo conhecimento em finanças corporativas, questões tributárias e legislação.
Por que está em alta: Segundo Paulo Weinberger, sócio do Fesap Group, há muitos fundos com recursos para investir em ativos com pouco preparo para receber aporte. Isso deve mudar — o que é uma ótima notícia para quem trabalha com private equity. “Com a perspectiva de melhora na economia do país, as empresas devem voltar a criar um cenário positivo para investimentos desses fundos em setores como educação, saúde, agronegócio e infraestrutura”, explica ele.
Profissional de relações institucionais para indústria farmacêutica
O que faz: responsável pela imagem institucional diante do público, empresas do setor e governo e operadoras de saúde.
Perfil: formação em comunicação social/direito/saúde. Habilidade de negociação, antecipação de cenário e compreensão da cadeia de valor.
Por que está em alta: “A tendência mundial de governos e gestores de saúde para compras cada vez mais racionais de equipamentos médicos e medicamentos tem reforçado o crescimento desta área”, diz Rafael Revert, diretor executivo da Core Executive. Ele aposta em crescimento acelerado no Brasil por conta da queda de receitas.