Nos últimos dois anos, metade das empresas sofreu algum tipo de crime econômico no Brasil, percentual semelhante ao verificado no mundo (49%), segundo a pesquisa Global Economic Crime and Fraud Survey, da PwC (empresa de auditoria e consultoria). O estudo ouviu mais de 7,2 mil entrevistados em 123 países.
Em 2016, apenas 12% das companhias nacionais confirmavam ter sido vítimas destes crimes, lembra o sócio da PwC Brasil Alex Freitas. O aumento do percentual pode estar atrelado à maior percepção e compreensão do que é o crime econômico e, por consequência, sua identificação e o seu acompanhamento. “Essa percepção pode ter sido causada pela Operação Lava-Jato e demais investigações, trazendo à tona um tema antigo, mas de pouca percepção e comunicação em larga escala na sociedade brasileira”, aponta Freitas.
O Fragoso Advogados atua em casos de crimes contra a ordem econômica.
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A Lei nº 12.486, de 2013, também trouxe a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. A legislação instituiu multa, no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos.
Apesar de o índice de percepção dos crimes econômicos ter aumentado no País, o especialista salienta que o Brasil caiu 17 posições em comparação ao ano de 2016 no ranking de corrupção da Transparência Internacional. O ranking avalia a percepção da corrupção no mundo e, atualmente, o País ocupa o 96º lugar na lista de 2017.
De acordo com o levantamento, o investimento das organizações no combate a esses crimes também cresceu. No Brasil, 52% das empresas (42% no mundo) aumentaram seu comprometimento financeiro para combate a esses delitos no último biênio. Para os próximos dois anos, 44% dos entrevistados em nível global devem ampliar o combate a crimes econômicos.
O aumento dos investimentos tem uma justificativa. Os crimes econômicos têm um impacto elevado para as organizações. Dos entrevistados, 16% no mundo afirmam que as perdas financeiras diretas – considerando apenas o impacto do crime mais grave vivenciado – ficaram entre US$ 1 milhão e US$ 50 milhões; e 7% dos brasileiros relataram prejuízos acima de US$ 50 milhões.
Já para 66% no Brasil e 64% no mundo, essas perdas foram de até US$ 1 milhão nos últimos dois anos. Considerando os custos secundários, como investigações e intervenções, 31% das empresas brasileiras e 29% no mundo afirmam ter gasto até duas vezes mais do que perderam com o crime.
O roubo de ativos segue na liderança como o principal crime econômico experimentado pelas organizações nos últimos dois anos, com 45% das ocorrências globais e 51% dos registros no Brasil. Na comparação com 2016, no entanto, há uma queda neste tipo de delito, quando 64% (global) e 65% (Brasil) relataram o crime.
Os principais tipos de crimes sofridos pelas empresas nos últimos 24 meses foram: fraude em compras (34% no Brasil e 22% no mundo), suborno ou corrupção (26% no Brasil e 25% no mundo), fraude cometida pelo consumidor (24% no Brasil e 29% no mundo), crime cibernético (22% no Brasil e 31% no mundo), fraude contábil (22% no Brasil e 20% no mundo) e má conduta empresarial (19% no Brasil e 28% no mundo).
Crimes cibernéticos
Apesar de não encabeçar a lista de delitos, o crime cibernético continua sendo uma grave ameaça para as empresas. No Brasil, 14% dos participantes acreditam que, nos próximos dois anos, este será o crime de maior impacto para seus negócios. No mundo, esse percentual sobe para 26%.
Segundo a 21st Annual Global CEO Survey, pesquisa global da PwC realizada com 1.293 CEOs em 85 países, 59% dos executivos no Brasil citaram as ameaças cibernéticas como uma das principais ameaças ao crescimento dos negócios. Globalmente, 80% dos CEOs apontaram essas como uma das principais ameaças.
De 2016 para 2018, 22% dos participantes brasileiros e 31% dos globais foram afetados por ataques cibernéticos via malware ou phishing. O custo dos ataques é bastante alto. No Brasil, 25% das empresas sofreram roubo de ativos, e 19% no País foram extorquidas via ramsonware.
Os dados mostram ainda avanço (de 13%) na participação dos atores internos nos crimes econômicos na escala global. Os crimes atribuídos à alta administração das organizações saltaram de 16% em 2016 para 24% em 2018. No Brasil, no entanto, a porcentagem de crimes econômicos cometidos por agentes internos permaneceu estável, variando de 58% para 59%, enquanto a participação da gerência executiva caiu de 40% para 26%.
Fonte: Jornal do Comércio