Luta contra tráfico de drogas na ‘darknet’ exige mais meios

O tráfico de drogas na “darknet” representa uma ameaça crescente contra a qual a Europa deve mobilizar mais recursos e aumentar a cooperação entre os Estados – afirmou o comissário europeu Dimitris Avramopoulos, em Lisboa.

“É importante intensificar a cooperação” entre os países-membros da União Europeia, defendeu Avramopoulos, na terça-feira (28), durante uma coletiva de imprensa na sede do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência (OEDT). 

Esta cooperação é importante para ter “uma vantagem sobre os criminosos”, ressaltou, pedindo também uma cooperação mais regular com países fora da União Europeia, como os Estados Unidos.

O funcionário da UE reagiu à publicação nesta terça-feira de um relatório do OEDT e do serviço europeu de polícia Europol, no qual estas duas agências pedem “mais investimentos” para aumentar suas capacidades na luta contra o tráfico de drogas na “darknet”.

O tráfico de drogas representa dois terços das trocas feitas na “darknet”, uma parte obscura da Internet que não é referenciada nos motores de busca.

De acordo com o relatório, o tráfico ilegal de drogas na web “permanece modesto, quando comparado ao mercado em geral”, mas está “crescendo” e tem “considerável potencial de crescimento”.

“A darknet facilita a ocultação da identidade dos criminosos”, constata o diretor da Europol, Rob Wainwright.

Além disso, o mercado na internet “tem um alcance global”, acrescentou Alexis Goosdeel, diretor do Observatório das Drogas na União Europeia, Turquia e Noruega, também membro do OEDT.

“Em apenas alguns cliques, os compradores podem comprar facilmente qualquer tipo de droga, sejam drogas sintéticas, maconha, cocaína, heroína, ou uma série de novas substâncias (…), o que é uma ameaça para a saúde e a segurança dos cidadãos”, ressaltou.

Os fornecedores europeus são responsáveis ​​por cerca de 46% das vendas de drogas na “darknet”, uma participação de mercado estimada em cerca de 80 milhões de euros para o período 2011-2015.

Como parte desse tráfego, “Alemanha, Holanda e Reino Unido são os três principais países, tanto em termos de receitas quanto de quantidades”, indicou Goosdeel.

Ao longo da última década, a “darknet” revolucionou o tráfico de drogas por meio de “redes sólidas e capazes de se reorganizarem rapidamente”, explicou o diretor da Europol.

(Com informações da IstoÉ)

Como vencer a guerra das drogas

Décadas atrás, Estados Unidos e Portugal lutavam contra as drogas ilícitas e tomaram direções diametralmente opostas. Os EUA optaram pela guerra às drogas, gastando bilhões de dólares e prendendo traficantes e usuários em massa.

Portugal fez um experimento. Descriminalizou o uso de todas as drogas – inclusive cocaína e heroína – em 2001 e lançou uma grande campanha nacional de saúde pública para enfrentar o vício. Passou a tratar a dependência como um desafio médico e não como uma questão de justiça criminal.

O New York Times afirma que “depois de mais de 15 anos, está claro qual é a melhor abordagem”. “A política de drogas dos EUA fracassou espetacularmente, com o número de americanos mortos de overdoses em 2016 (64 mil) quase igual ao de mortos na soma das guerras do Vietnã, Afeganistão e Iraque.”

Segundo a reportagem, Portugal parece estar vencendo a guerra às drogas, ao dar fim a ela. O Ministério da Saúde estima que apenas 25 mil portugueses usem heroína, um quarto da quantidade de quando a política foi implementada. O número de pessoas morrendo de overdoses despencou mais de 85% -até voltar a subir um pouco após a crise econômica recente.

O percentual de infectados por HIV relacionados ao uso de drogas em Portugal caiu de 50%, em 2000, para 5%, em 2015. Portugal tem a menor taxa de mortalidade causada por uso de drogas na Europa Ocidental, com 6 casos por milhão entre pessoas de 15 a 64 anos – em comparação com 22 na Alemanha, 43 na Finlândia, 60 no Reino Unido e 312 nos EUA.

O NYT considerou a política portuguesa efetiva. Afirma que se os EUA atingisse a taxa de mortalidade de Portugal, estaria salvando quase uma vida a cada dez minutos.

Leia aqui a reportagem.